segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Coadunando até o chão

Andei reclamando que estava sem assunto para postar aqui, tanto que cheguei até a publicar a poesia concreta do ovo frito, nascida do feliz acasalamento entre um erro de digitação e uma sinapse mal intencionada. Mas justo quando eu começava a suspeitar de que talvez tivesse direito a uma existência tranquila, coerente e lógica, novamente o bizarro voltou a me assolar, numa de suas formas mais nefastas.

Eis que decido exercer os meus direitos de cidadã e consumidora consciente durante o meu horário de almoço, dirigindo-me com toda pompa e circunstância ao Juizado Especial Cível da rua da Consolação, crente e estranhamente confiante de que 2h são tempo suficiente pra qualquer coisa na cidade de São Paulo.

Nem discuto a minha inocência ao achar que tudo se resolveria muito antes da minha bunda estabelecer ligações covalentes com a cadeira. Depois de já ter feito amizade com um velhinho separatista colega de primário do José Serra, e com a Dona Sueli e a filha Tati que foram agraciadas com o milagre da multiplicação das dívidas, minhas retinas fatigadas vislumbraram de longe estas palavras, brancas sobre vermelho:

"É expressamente proibida a entrada de pessoas trajando bermudas, camisetas regata, mini-blusas, calçando chinelos ou envergando qualquer outra indumentária que não se coadune com o decoro forense".

Todo um universo se abriu pra mim neste momento. Eu, já envergada na cadeira, nunca tinha pensado que pudesse envergar uma indumentária. E percebi que naquele momento eu envergava um vestido, enquanto os alegres moçoilos que aprendiam, com tanta leveza no semblante, a respeitar os ritmos da Justiça, envergavam ternos e gravatas.

Mas, já diria a sabedoria do povo, não basta envergar, tem que coadunar. Uma homenagem ao jargão jurídico, que salva do esquecimento palavras tão charmosas:

Coadunar: v.t. Reunir, formando um todo; incorporar / — V.pr. Combinar-se, conformar-se.

Presente do Indicativo
eu coaduno
tu coadunas
ele coaduna
nós coadunamos
vós coadunais
eles coadunam

Daí, eu lá envergando há mais de três horas, completamente coadunada à cadeira, esperando por um lampejo de decoro forense, penso: mas e o decoro verbal, minha gente??? Pensam que podem ficar envergando a língua portuguesa ao bel prazer???

Não apenas podem, como é certo que quem é capaz de usar tais palavras não dá ponto sem nó. Assim, depois de quatro horas de envergadura, entendi que é tudo parte de uma política de redução do trabalho: eu fico com vontade de nunca mais voltar e eles se poupam da fadiga.

Oh, mas eu quero voltar, sim, e sonho adentrar o recinto envergando traje nenhum, pra então gritar ao decoroso foro: "Aê! Enverga isso, agora!!!"

Amy Winehouse = Amália Bodega

Esse ovo frito esquecido na frigideira, deve estar uma verdadeira borrachona. E o champanhe, morno, perdeu o gás. Mas nem tudo é tragédia nessa vida e marchesi nos animou com um muy feliz e criativo poema concretista esta manhã e eu resolvi tirar do baú dos drafts essa pauta (ho, eu tenho um bau de drafts pra posts tontos!)
ë sobre uma peculiaridade da lingua espanhola, um fato bizarro que incomoda um pouco bastante: os espanhois padecem do mal da traduçao compulsiva. É triste e vergonhoso, especialmente quando vc esta falando de musica ou filmes, tem que pedir pra repetirem o nome umas cinco vezes, até voce entender que o "u dos" que eles tao falando, ou o rem são o U2 e o R.E.M. Eu já tinha tido alguma suspeita de que um povo que le el capital de Carlos Marx era meio bizarro (ah, as estantes da velha biblioteca FFLCH-USP)...

Além das bandinhas, voce tem coisas tipo videojuegos, pra videogames, e o console, ou o videogame mesmo no meu dialetao paulista- caipira, ganha o simpático nome de "consola" (deve ser porque consola os nerd-freaks que nao arranjam namorada)...

A Amália Bodega do título, confessarei, foi de um programa humoristico... mas é completamente verossimil e aceitável!

Fripoema

Ovo frito
...vovô frito
.....ovo fri
............frito ovo
frishplá frishplá frish plá
.......fri vovô

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

CARNAVAL


Os membros do blog não vão comentar sobre seu carnaval. Por que? Porque conhecemos, nesse período, o saçi-pentulhudo, a AMT (Associação dos Motoboys de Taubauté); além disso roubamos espetinhos de camarão descaradamente e criamos o infame Vadia's Room para desfrutarmos o feriado com muita CAJAMANGA. Não entrarei em mais detales sobre o Homem Pernil e o Catalão de Pirituba.

Enfim, sim, saímos traumatizados e ficamos mais loucos que a Britney. Nossa rehab? Em Nhandera, cidade simpática e pequenina que nos ofereceu uma semana gratuitamente no seguinte estabelecimento:


Aí eu começo a pensar que minha auto-estima está nos meus pés, tento chupar meu dedão e percebo que sou apenas um ser humano, no seu próprio cerne, fedido e gordinho.



Acho diferencial competitivo podóloga de mãos.