segunda-feira, 28 de abril de 2008

Poesia Catarrã

Em homenagem à tuberculose da Mari e ao anúncio profilático no busão.

....Catarro
.........Carrasco
...Escarro
.......Rui! Rui! Rui!
Escarrasco
..Escata.
....Escapa.

Estafa.

TOSSETOSSETOS
...............................SETOSSETOSSETO
Asséptico.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

316 quilômetros de desventuras quinzenais

No último final de semana viajei para Ribeirão Preto, onde moram os meus pais. Costumo ir para lá umas duas vezes por mês e nos feriados religiosos/familiares. Até aí, ótimo. Todo mundo sente saudades de casa e é sempre uma alegria o repouso longe da cidade grande. O problema são os 300 quilômetros que me separam de lá.

Sim, porque são 300 quilômetros de ônibus, 4 horas de viagem e mais 40 minutos de metrô. Em suma, da minha república até a casa dos meus pais são pelo menos cinco horas de percurso. Óbvio que sempre acontece alguma coisa inusitada que acaba por me deixar atônita ou mal humorada.

Já enfrentei roncos, cotoveladas, crianças, conversas inimagináveis e até um casal de velhinhos saídos de uma novela da Janete Clair - irritantemente dorianos, cáquis e de uma pronúncia exacerbada doSSS pluraiSSS que me ensandecia. Eles até se referiam ao filho deles como "nosso filho". Afemaria, né gentê?

Da última vez foi o ônibus fedido com goteira. Incrível como todos os ônibus daquela maldita companhia têm cheiro de latrina. Claro que a mistura de aromas não se restringe ao odor de banheiro químico. Também é possível sentir notas de mofo e azedinho de suor. Um buquê que faria qualquer ser humano, por mais resfriado que estivesse, querer enfiar o nariz num vidro de perfume. Até um Giovanna Baby serviria. E sim, não bastava o fedor endêmico, o ônibus também tinha a goteira.

A danada da goteira só não me incomodava tanto quanto o fedor porque não estava em cima de mim, mas da passageira à minha frente. A água sujinha de ar-condicionado pingava bem no pé da moça, que estava apoiado em uma das paredes do busão. Eu querendo acordar a moça, morrendo de dó do estado em que o pé dela estaria quando ela acordasse (eu juro que imaginei ela tirando o pé do sapato e achando cinco chapéus de sapo ao invés de dedos) mas me faltava a disposição inerente às pessoas interativas. E a goteira pingando...

Isso tudo porque a tal companhia de ônibus é das melhorzinhas que tem por aí. Me mata de dó ver aquele mundo de migrantes descendo na rodoviária depois de 17 horas de viagem apertados em alguma lata de sardinha sem ar condicionado. Melhor não reclamar e prender a respiração da próxima vez.