domingo, 16 de dezembro de 2007

Borbulhas de Amor

Era uma tarde incomum em São Paulo, e eu sei disso porque sei como funciona essa cidade. Bem, um pouquinho, mas sei. Pasme, querido leitor, e me diga se não era uma tarde peculiar: céu azul, tempo agradável, trânsito ameno. É uma tríade que não existe nessa cidade; mas aconteceu. Hoje em dia, pensando friamente a respeito, me condeno por não ter interpretado esses sinais corretamente. "Que sinais?", vocês me perguntam. Ora, pode haver maior sinal de que uma hecatombe está prestes a acontecer em São Paulo do que céu limpo, tempo bom e pouco trânsito? Pior que isso, só se o porteiro resmungão do meu prédio me desejasse bom dia (o que, claro, nunca aconteceu e jamais acontecerá).


Pois bem. Estava fazendo um dia bonito e agradável, blá, blá, blá e eu saí de casa rumo à faculdade. Perto da esquina da minha rua há uma banca de jornal que atravanca toda a passagem dos pedestres (especialmente quando chove) e muitas vezes se forma uma muvuquinha ao redor da banca, de indivíduos lutando pelo privilégio de passar primeiro. Eis que a muvuquiunha existia, e eu, no bom humor que estava, decidi esperar que as pessoas se resolvessem e reduzi meu passo, meio que esperando de longe. E então ele surgiu.


Surgiu do meio da muvuca aquele homem. O homem que mudaria para sempre a minha vida. Ele estava muito elegante, usava terno e chapéu.
Ele cantava Borbulhas de Amor em espanhol. EM ESPANHOL.
Ele era anão.


Nesse momento você se pergunta o porquê das coisas.

Não senhores, eu não ativei o filtro de aleatoriedade mental. Essa pessoa existiu. Não só existiu, como era portadora e atuante de tudo o que eu mencionei. E não me levem a mal, não tenho nada contra o Fagner ou contra anões de chapéu. Mas hão de concordar comigo que é muita insensatez de uma vez só.

Até agora não sei o que aquilo significa. Talvez não seja nada, apenas um anão de chapéu cantando Borbulhas de Amor em espanhol (em ESPANHOL, meudeus). Talvez seja o presságio de que algo muito ruim está por vir.

De qualquer maneira, considerem-se avisados.

4 comentários:

Bearantes disse...

bearantes, ex-portalense in barcelona diz...

Mari, burbujas de amor originalmente é um bolero em espanhol O autor se chama Juan Luis Guerra e é da Rep.Dominicana e já vendeu 15 milhoes de discos pelo mundo.
Burbujas de Amor esta no rol das cersoes brasileiras, junto com o grande hit da lambada "chorando se foi" (llorando se fue)que é de um grupo boliviano e outras tantas mais...
Atualmente me divirto sabendo q Roberto Carlos, o rei, é cultuado no México, cantando EM ESPANHOL e quando minhas amigas mexicanas cantam a versao espanhola da boquinha da garrafa...( la boquita la botella)
Nada como a integraçao latinoamericana, nao é mesmo, minha gente?
Un petò (beijo, em catalao- eu nem vou falar dessa gente louca...)

Mariana Marchesi disse...

Trecho traduzido por Beatriz Arantes:

Quisiera ser un pez
para tocar mi nariz
en tu pecera
y hacer burbujas de amor
por donde quiera
¡oh! pasar la noche en vela
mojado en tí

...

Mariana Siqueira disse...

Que anão cosmopolita, aquele.

Anônimo disse...

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