domingo, 14 de dezembro de 2008

1 ano (e uma semana) de Ovo Frito

Tragam a Sidra Cereser! O Ovo Frito e Champagne comemora o seu primeiro aniversário. Um pouco atrasado porque, como todo sagitariano, não tem culpa de ser filho do caos. Mas o fato é que, inspirado por um almoço romântico e concebido numa mesa de boteco fruto da união entre ócio, álcool e calor, o blog foi carinhosamente chocado por alguns dias, até que, no dia 6 de dezembro de 2007, deu seu primeiro berro de existência.

Recorrerei ao maior templo de cultura pós-útil da atualidade (sim, pois cultura inútil pressupõem uma concepção positivista-utilitarista-instrumentalista-estrutural-funcionalista que já-era)para abrilhantar a efeméride. Vejamos o que a Wikipedia nos diz, com precisão espantosa, sobre o dia 6 de dezembro:

Eventos históricos:

1240 - Kiev é invadida e conquistada pelos mongóis.
1768 - Publicada a primeira edição da Enciclopédia Britânica.(440 anos depois, parece q ninguém nunca mai vai comprar uma)
1868 - Ocorre a Batalha de Itororó, na Guerra do Paraguai, entre cinco mil paraguaios e treze mil brasileiros comandados pelo então marquês de Caxias. (fui no Itororó, beber água não achei.)
1889 - Adotada oficialmente a bandeira do Maranhão
1925 - O falsário português Alves dos Reis é preso.
1958 - Lançamento da Pioneer 3. Ao todo existiram quatorze missões Pioneer.
1971 - A Índia reconhece oficialmente a república de Bangladesh.
2001 - Início da grelha definitiva do canal RTP Memória. (grelha? definitiva? q?)

Nascimentos:

1421 - Rei Henrique VI de Inglaterra
1946 - Emílio Santiago, cantor e compositor brasileiro.
1948 - Keke Rosberg, ex-piloto de Fórmula 1 finlandês.
1954 - António Feio, ator português.
1967 - Marko Simeunovič, ex-goleiro esloveno.
1985 - Dulce María, atriz e cantora mexicana, integrante do grupo RBD

Falecimentos:

1185 - D.Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal (n. 1109).
1613 - Anton Praetorius, lutador contra os processos às bruxas e à tortura.
1892 - Ernst Werner von Siemens, inventor e industrial alemão (n. 1816).
1976 - João Goulart, 27º Presidente do Brasil (n. 1919).

Além disso, dia 6 de dezembro é Dia da Constituição na Espanha, Dia de São Nicolau na Rússia, e Dia da Extensão Rural no Brasil (seja lá o que for isso). Faço votos que venha a ser também o Dia Internacional do Ovo Frito, que se celebrará com o prato típico acompanhado de um glamouroso champagne de segunda.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Escola da Vida

Em um ano que abandonei a faculdade para server onion rings num pais de merda vestido de palhaco, a unica justificativa que consegui dar para meus coleguinhas e que nada e mais instrutivo que a escola da vida. E sempre repito que melhor um dia triste na Europa que um feliz e ensolarado no Brasil. Logo reporto o seguinte fato com um sorriso sem-vergonha na cara:



Garcom brasileiro segue feliz e serelepe para a mesa 94:

-Hi, my name is Kim. Im going to be your server (Eu sempre repito mentalmente sexual server para poder rir um pouco da minha desgraca).The restrooms are behind the bar. I will be here in a second to get your order.

-Oh. Thank you! - responde o curioso e sagaz senhor irlandes - One question: Is this a hot spot area?

Eu, perspicaz que sou, rapidamente dou o veredito: velho safado-gay-tarado-maluco. Boas gorjetas estao no meu caminho. Logo respondo, sorrindo, claro:

- Oh, of course! Gorgeous waiting staff, we have ultimate drinks and great music. Im sure you are going to agree with me in the end of your meal.

-Ahhh.....How can I say that?! I was asking about the wi-fi conexion.

Eis o que ocorre com todo meu orgulho em relacao ao meu ingles, 10 meses de estudos, livros originais de Hermen Hesse e Charles Dickens: pro lixo, colega. Inclusive minha cara roxa de vergonha.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Preparai-vos...



Seguindo o propósito catalão de dominar o mundo, anunciaram por aqui que vai rolar ano que vem, os direi quando uma apresentaçao de castellers em Sao Paulo...

Os castellers são esses malucos que fazem torres humanas, tipo essa aqui:


É no minimo divertido de se ver, ainda que com tanto arranha céu em sao paulo, sei lá que tanto de ibope isso vai dar...!

sábado, 11 de outubro de 2008

Ovo frito, linguiça, presunto e queijo com champanhe!




Acho q acabou q eu nunca contei pra voces da famosa Champanheria de Barcelona. É um boteco super famoso, que fica perto da praia, no final das ramblas. Voce vai lá, geralmente com um ou muitos mais amigos, pede dois bocatas (os bons e velhos sandubas) e pode pedir uma garrafa de cava, q é o champanhe local. O pacote de dois bocatas mais garrafa de cava sai pela fortuna de 4 euros. Uma verdadeira bagatela pra uma cidade como Barcelona. Os sanduiches vem num pao redondinho super gostoso, estilo italiano e os recheios sao de linguiças tipicas catalãs, frango com queijo, demais frios ibçericos e o melhor deles, de lombo de porco com queijo e pimentao assado. Na veradde é um muquifo, entupido de gente,(as fotos sao sempre pessimas porque nunca tem espaço pra tirar com um mininmo de foco decente), só pode comer em pé, os garçons te atendem super mal... mas depois da segunda garrafa de cava fica tudo taaao legal...! Depois vc sai desfilando pelo passeio marítimo, aproveitando os efeitos das borbulhas de Cava. Ta pensando q é só no Portal q tem ovo frito com champanhe???

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O glamour, a 3x4 e um bebè

Foto 3x4, essa complicaçao da vida moderna. Foto 3x4 é uma das coisas mais chatas do mundo. Primeiro porque serve pra documentos e demais ferramentas da burocracia, que sao coisas que aporrinham a vida das pessoas. E aí voce é imigrante nas europas e tem q comparecer religiosamente cada ano pra renovar os papeles. Ou els papers, na evoluçao linguistica do catalao.

Nunca conheci ninguem que ficasse bem em foto 3x4. É que sempre é um negócio tao burocrático, vc ta sempre com aquela cara de "aihn, foto de documento...", nao pode rir, a pressa, as maquinas do metro de tirar fotos -aquelas q aparecem na amelie poulan, sempre tiram as piooores fotos, (ou deve ser pq eu nao vejo sem oculos e saem aquelas coisas, com olhar sexy de tatu na chuva). Mentira. A unica pessoa que ficou bem numa 3x4 q eu ja vi foi da terceira colocada no concurso miss brasil 2007. Era incrível. Mas ela era quase uma miss, elas tem holofotes e fotografos proprios.

Aí eu assisti Gilda, achei o Fellini um genio por conta da Sylvia do la vitta é bella, blablabla, divas, existencialismo, misoginia, etc etc, mil coisas pela cabeça. No fim eu queria ter o glamour da Rita Hayworth, mas nao se pode ter glamour com as unhas "daquele jeito". Dia de diva e nem era sábado...! Blabla, corta isso, hidrata aquilo, tira o bigodinho frida khalo, etc etc. e putz, eu tinha q tirar uma 3x4 pros papers! Qual melhor maneira de amenizar imperfeiçoes e olheiras numa 3x4 q vc vai ter q olhar cada vez q pega a identidade...? Um make-up dignificante! Mas sem exageros, pq quem anda maquiada de dia é secretaria e aeromoça. Só um corretivinho, lapisinho, um nadinha de blush, afinal, o encosto de diva dizia q eu nao precisava de muita coisa pra ficar dé-vi-na.!

Estudio de fotos, que agora só fazem revelaçao digital e imprimem coisas bregas, tipo canecas e toalhas com a foto do seu filho como lembrança da primeira comunhao. blé.
-Oi moço, preciso de uma 3x4 pra DNI (q é a identidade, o meu chama NIE pq eu sou estrangeira, mas eu sou lá de ficar dando muita explicaçao?)
- Ah tah, só preciso tirar foto desse bebê.

Aí eu olhei pro bebê. O recentissimo fruto do amor de uma familia paquistani. O senhor e a senhora muito distintos em seus trajes culturais. O senhor segurava o bebe e trajava um lustroso bigodao. E o bebe tinha pelos na testa. Inteira, até as sombrancelhas. Era quase o chewbacca, tadinho. Ainda bem q cresce, melhora.

Meu glamour foi rir do lado de fora da loja.

domingo, 28 de setembro de 2008

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A semelhança entre um prostíbulo e a Louisiana

A maior parte do entretenimento solitário é proveniente da internet. Podem pensar a besteira que quiserem, mas eu me refiro meramente às coisas estúpidas e bestificantes que a gente tropeça nas calçadas digitais. E foi agora há pouco que topei com mais um desses ovos fritos com champanhe que a vida oferece.
Só pra explicar direitinho e não ser taxada de desocupada (não que eu não o seja): eu conversava com uma amiga a respeito de trabalho nos EUA e queria saber pra que estado ela iria. Ela disse Wisconsin. Fui procurar um mapa, achei Wisconsin, mas meus olhos foram arrastados à força para algo que gritava por minha atenção, pedindo a confirmação daquilo que era absurdo demais pra ser verdade. Então vos pergunto:

-Qual é a semelhança entre um prostíbulo de Ribeirão Preto e a capital da Lousiana?
Ambos compartilham o nome sugestivo de Baton Rouge.

Meu mundo caiu. De novo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Lá em cima mora o tiro-liro-liro....

Porque eu fui pra portugal de verdade semana passada, dançar o vira e tietar a estatua do fernando pessoa do largo do chiado. A lusitània é incrivel porque...


... é o unico lugar no mundo onde as meninas usam cuecas e voce vai trabalhar de camisola!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Publicidade hispanica

As pessoas membras deste blog já rolamos de rir com algumas pérolas da publicidade hispanica, tipo o "amo a laura" ou o "camila no tiene tetas", na alegria descobridora do iutube.

Espero que voces se divirtam com essa pérola. O balé é otimo!



...Porque não tem nada mais errado no MUNDO que propaganda de absorvente...!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O amor e a calabresa

CENA 1 - (EXTERIOR - CALÇADA - NOITE). Casal aguarda, numa mesinha de comer em pé, a liberação de uma mesa dentro do bar. Ele, distraídamente, saboreia uma calabresa. O gerente se aproxima e avisa à moça que a mesa já estava disponível.

ELA - Mário! Mário! (...) Aníbal!

Ele não ouve, graças à divina providência... e à calabresa. Os dois se mudam brejeiros para dentro do bar. E eu me vejo privada do deleite de ouvir, na vida real: "Mário? Mas que Mário?"

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Duas histórias curtas

Aí eu voltava da entrevista de emprego. Estava bem arrumada, muito feliz e pululante fazendo o caminho para casa quando uma mendiga sentada sob um toldo na calçada começou a me encarar.

A moça me mediu de cima a baixo e me examinou muito bem. Quando eu já havia passado por ela, ela exclamou com veemência:

-Mas você é horrorosa mesmo, hein?

-- -- --

Aí, outra entrevista. Um prédio de vidro espelhado. Comum, né? Vidro espelhado azul e... ROSA. Vidro espelhado rosa.

Quase chorei sangue, tal foi a indignação.
Sangue rosa.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Para a vida

Aprendizado adquirido pela vivência:
Nunca fale da bagunça da sua mãe quando ela estiver falando da sua. É melhor para você.

domingo, 31 de agosto de 2008

Agosto, mês do desgosto

Eis que surge Agosto. O mês, por si, me mete medo. É cinza, feio, frio, demorado, estou no meu inferno astral... enfim, me desespera mesmo!
Este, desde que eu me lembro, foi o pior deles. Tudo começou com o desemprego e a alegria que ele te propicia quando você fica julho inteiro de férias. O ponto é: julho de folga, baladeando como se amanhã não houvesse e chega o fim do dinheiro (junto com o começo do mês medonho).
Um pouco após isso, fui com alguns amigos ao sítio de uma outra amiga fazer a grande festa junina - que acontece em agosto, já que o calendário é uma invenção para burocratizar a vida. O mote da viagem, como não temos lá grandes devoções católicas, era, na verdade, um grande "vamos encher a cara em meio à paisagem bucólica de Piedade".
Enchemos. E o fizemos com cateoria. Bebemos cântaros, baldes, barris, iguaçus (obrigado Saramago pela graduação estilosa) de tudo o que aparecia pela frente, já que não somos seletivos nem um pouco.
Cá voltando ao Planalto de Piratininga, me vejo vítima de uma dessas amebas que nos fazem lembrar sempre que temer protozoários é prudência nessa vida. Desaguava em níveis que nem o próprio Saramago conseguiria graduar. Desidratação, sofrimento, medo de pum (quem nunca teve medo de pum na vida?). Até aí, ótimo. Médico, líquidos, maizena - muita maizena -, chá de folha de goiaba - muito chá -, remédios e a grande sorte de não precisar ir trabalhar.
O problema é que agosto conspira. Eis que dois dias depois de voltar e ainda doente, fui tomar banho (tomei banho nos outros dias também, antes que venham prevaricar com o bom nome de minha ilibada higiene). Como eu dizia, fui tomar banho e eis que estava lá, com suas oito repulsivas patas de artrópode aracnídeo que é, um carrapato. Sabe, eu estava fragilizado, sofrendo, sem garantias para o amanhã, tinha amebíase, não tinha emprego, tinha carrapatos... o que me faltava?
Há perguntas que não se faz em horas erradas, há outras que não e faz nunca, mas absolutamente não se pergunta nada em agosto! Eu perguntei, ato contínuo, deus respondeu: "Cobreiro, coração. Você precisa de um cobreiro." E ele veio. Tive um belo cobreiro, pegavas metade das costas, coçava horrores, ardia e demorou a passar. Conclusão: toneladas de violeta genciana e a alegria de roxo ser tendência no inverno.
Veio meu aniversário, passou meu aniversário e, no dia seguinte, abro belo e formoso a janela de meu quarto, crente de que se foi o inferno astral. Lá estava eu subestimando o poder de agosto. Abro janela e, no momento mesmo, minha alcova é invadida por um mundo de marimbondos. Sim, marimbondos! Eles resolveram mudar para o beiral em cima da minha janela!
De lá para cá, foi só sofrer: brigas, ex pentelho pentelhando, tristezas e agrúrias.
A agosto, nos resta usá-lo como comparativo negativo para a vida. Tá ruim? Pensa em agosto. Tá triste? Pensa em agosto. A terra foi invadida por áliens? Pensa em agosto.
Por sorte, o mês terminou. Agora vem um setembro primaveril e feliz e, antes que agosto resolva usar as 5 horas que lhe sobram para azedar minha vida ainda mais, vou me pôr em posição fetal na cama e só levanto mês que vem!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Eu vi o Tarzan subindo a Augusta

Porque na Augusta tudo é possível. E descê-la de busão todas as manhãs é sem dúvida uma aventura diária. Eis que, nessa ensolarada e fria manhã do inverno-verão paulistano, descia eu, embalada pelos solavancos do coletivo, quando vejo subir, em vigorosa corrida, ele: longas madeixas louras desgrenhadas, usando nada mais que um shortinho laranja, tênis, e meias da mesma cor. Porque Tarzan também sabe combinar. E, tendo um semáforo providencialmente interrompido minha trajetória ladeira abaixo, pude comprovar: quem, a não ser o rei das selvas, teria o despudor de plantar bananeira na muretinha do Bradesco? (me ocorreu o Diego Hipólito de peruca, mas taí uma coisa que eu, ainda mais na Augusta, não vou querer encontrar)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Viva el huevo frito!

Se as coisas por aqui na terrinha estão meio paradas (ou os blogueiros brazucas andam meio sem inspiração), a Espanha continua dominando o Ovo Frito como fonte inesgotável de bizarrice e alegria. Eu não resisti e pedi para uma amiga minha, a Ana Amélia, escrever uma história que ela me contou sobre a sua temporada além-mar. Ei-la!


Minha pátria, minha língua. Salva pela Bethânia!

Sabe, todo meio intelectual - meio de esquerda tem alguma desventura no velho mundo para contar. Eu, mesmo não sendo nem meio intelectual nem meio de esquerda (talvez um pouco, vai) também tenho. Inspirada nos relatos da correspondente do ovo frito na península, e incentivada pela mari marchesi, resolvi compartilhar com vocês uma dessas situações que entram para o rol de histórias bizarras repetidas muitas vezes à exaustão em uma mesa de bar, de um bar ruim, de preferência. São duas, e ambas estão relacionadas à diáspora brasileira pelo mundo e têm uma linha bastante tragicômica.

Vamos a ver, a primeira delas se passa em madrid, minha terra natal em alguma outra encarnação, seguramente. Lá a profusão de brasileiros vem aumentando vertiginosamente nos últimos anos, alcançando status de notícia até nos jornais gratuitos do metrô. Pois bem, cansada e enjoada do jamón ibérico e papas bravas aceitei o convite do meu namorado, britânico, para jantar num restaurante grego supostamente autêntico. O recinto fica localizado no bairro de malasaña, bastante conhecido por atrair toda a sorte de notívagos. Assim, chegamos. Era uma bela tarde de verão e fomos recepcionados por Eros. Eros, como não podia deixar de ser, estava vestido a caráter. Nosso deus grego nos recebeu com muita simpatia e nos levou à mesa. Estranhamos, afinal de contas os espanhóis não são muito conhecidos pela sua simpatia. Além disso, seu sotaque nos intrigou. Não era grego, não que soubéssemos muito bem como os gregos falam espanhol, mas percebemos certa familiaridade meio indecifrável. Escolhemos nossos pratos, tarefa difícil no meio de tantas boas opções. Eis que chega um momento que Eros anuncia que irá cantar uma canção para nos entreter a todos os comensais. Entreolhamos-nos, curiosos para ouvir uma canção grega típica. Nada mais lógico, afinal estávamos num restaurante grego típico. Resulta que, já nos primeiros acordes, antes do deus grego soltar a sua divina voz, reconheço a canção, mas pensei: não pode ser, já que não conheço músicas gregas. Intrigada, esperei apreensiva os segundos seguintes quando Eros solta maria bethânia. Tá, sei para o clima do relato seria melhor lembrar qual música da bethânia, mas confesso que o êxtase foi tal que não me recordo. A emoção era tamanha que causou constrangimento nos meus vizinhos de mesa. Meu namorado, britânico, repito, por não compartilhar do mesmo repertório, me olhava com estranheza. Ao final da apresentação, chamo Eros e lhe pergunto: de dónde eres? Eros, constrangido por tamanha indelicadeza retruca: de una isla griega llamada brasil. Ah, foi o auge! Pior que cantar maria bethânia em restaurante grego supostamente típico, Eros, visivelmente perturbado com a revelação da sua verdade identidade, me dá um sorriso amarelo ao saber que éramos conterrâneos...

A segunda foi há mais tempo. Indo visitar um amigo em paris, me deparo perdida e sem celular e sem cartão telefônico. Por uma peça daquelas, a estação de metrô em que deveria descer para encontrá-lo estava em reforma e ele, claro, esqueceu de me avisar. Assim, fui obrigada a descer na estação seguinte. Até ai, tudo bem, mas as instruções que eu tinha para chegar ao apartamento não mais correspondiam à minha realidade geográfica. Respiro fundo, vamos lá. Meu parco francês não me levaria muito longe. Arrisco no inglês, mas sou elegantemente ignorada pelos floristas, jornaleiros, donos de bares e afins. No ápice da tensão, apelo para os passantes. Todos muito apressados não me davam a menor pelota. Até que vejo saindo da estação do metrô uma senhora levando uma criança pela mão. Alvo fácil. Aproximo-me assertivamente. E, sem titubear, peço informação. Ela, em seguida, me pergunta: where are you from? Num primeiro, segundo pensei em inventar que era russa, sei lá, bobagem de brasileiro que acha que é sempre mal-tratado. Resolvi ser honesta e dizer, sou brasileira, por quê? Foi a minha sorte, a simpática senhora era portuguesa, com certeza. Não só me indicou a rua, como me emprestou seu portable para tentar localizar meu amigo fujão. Sem sucesso, caixa postal. À porta do prédio, dei-lhe um forte abraço, agradeci de todos os modos que podia, e entrei porque tinha o código do edifico. Na França eles fazem isso, inventam esses códigos secretos para entrar, mas tudo mundo sabe, inclusive eu. Isso ele lembrou de me avisar, mas esqueceu de dizer o número do apartamento. Entrei. Prédio sinistro. Escuro e com escada que range. Desorientada, me sento para esperar meu anfitrião dar o ar da graça. De repente, mais uma vez, ela chega: maria bethânia. Era um som distante, abafado, quase inaudível. Decido segui-la. Lentamente, vou subindo as escadas. Qualquer barulho poderá assustá-la. Chego a uma porta. O som parece vir de lá. Ai, o que fazer? Bato. Escuto passos, a porta se abre. Uma moça sorridente me diz: você é Ana? Atônita, respondo um sim mudo. Ela me abraça e diz, o JP me disse que você chegaria. Entra! Daqui a pouco ele está aqui. Quer um copo de água? É, Bethânia, te devo essa!

Ana Amélia A. Serra.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Monociclo

Uma tarde baforenta, mormaço e nuvens, muitas nuvens. O estomago reclama por alimento e, depois de um misto-quente chamado bikini (assim sao os mistos-quente em barcelona, meio veados), delicia-se com quase meio litro de danáp de morango e fica meio grogue. Durante a fila do supermercado, as nuvens, essas malditas despencaram uma garoinha fela da puta. No meio do torpor, dos raios de sol desfazentes das nuvens chovidas, surge no horizonte... A LOIRA DE MONOCICLO!

Que passou por ela, de monociclo...




.... e sumiu no horizonte, de monociclo....


Ela riu, pq lembrou dos macaquinhos do circo e quase morreu de raiva por nao ter uma camera.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Eurovisión

Tirando o pó do ovo frito...

Essa semana aconteceu um negocio bem engraçado aqui, no meio do meu final de semeste corno e dos retramites porque me roubaram a carteira com os documento tudo dentro,para a glória e o glamour de ser furtada nas oropa.

No sabado a noite, depois do dia inteiro trabalhando cornamente nos meus trabalhos de final de semestre, teve lugar a gala do eurovisión, o festival europeu de música, com muitas luzes, efeitos especiais, balés-chacrete, glitter e muito, muito glamour. Cada país da europa, mais israel e turquia manda seu glorioso representante, geralmente vencedores do "ídolos/fama" local eleito em galas nacionais, devidamente escolhidos pelo público por voto telefonico. Na verdade é mega cafona e praticamente todo mundo canta em ingles- tipo ingles com sotaque do azerbaijao, metaleiros da finlandia, oito wanna-be mariah carey...! É a bizarria popstar institucionalizada. Tem até os fanáticos eurovisao que viajam atrás do festival, uma veadagem sem fim.

Como nao podia deixar de ser, existem várias tentativas malignas de implosao do eurovision, essa grande gala européia do paetê e dos bailarinos-chacrette. Alguns países ocidentais adquiriram a mania de mandar candidatos freak no festival.

Tipo, o que a frança mandou, cantando em ingles

Um coral de mulheres-barbada e um cara que canta aspirando hélio....


A Espanha levou uma piada oficial. Uma puta idéia de um humorista catalao que pegou violentamente (plataformou no myspace e ganhou a gala local, para odio e veneno dos eurofision fanatics), vendeu um bilhao de toques de celular e deixou todo mundo cantando essa mardita musiquinha. Com voces, Rodolfo Chikilicuatre com Baila el chiki chiki:





Mas quem levou esse ano foi um russo, o russo dima bilau ops dima Bilan, Dima (que deve ser um apelido russo pra dmitri, classico perfume do boticario de anos atrás), se apresentou com o campeao olimpico de patinaçao artística e um violinista húngaro com uma balada beeem mela-cueca. Porque o leste europeu leva o eurovisión muito a sério...
Bearantes num momento cultural muito video-show...

perrea, perrea!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

813

Esta manhã, insuflada de espírito cívico, acordei mais cedo, e ao invés de ir para o trabalho como de costume, me dirigi às paragens do Itaim Bibi, que é lugar de exercer a cidadania. Após longa caminhada chego ao Cartório Eleitoral, vazio.

Pego minha senha e aguardo. Dois números me separam do meu objetivo. Uma velhinha se senta ao meu lado, acompanhada de seu filho um tanto amalucado.

Começa o diálogo de situação:
VOVÓ - Tá indo rápido hoje, né?
EU - Pois é, q bom. (fazendo a simpática)

(Segundos de silêncio. Parecia encerrada a interação. O filho olha para o prédio um-por-andar em frente)

FILHO - Aqui só mora corrupto.
VOVÓ - O que?
FILHO - Aqui só mora corrupto. A alta sociedade comete os piores crimes que se podem imaginar.
VOVÓ - Pois é. Uma hora, a filha mata os pais, agora os pais matam a filha...
FILHO - É, rico é assim, um horror. Se fosse pobre já matava logo é todo mundo.

(Risos. 812. Eu imagino se vão demorar muito pra chamar a minha senha)

FILHO - É o fim do mundo, pode acreditar. Vc vê, lá na China. Parece q já morreram mais de 600!
VOVÓ - Pois é, e agora esses terremotos aqui. Mas também, ficam fazendo metrô embaixo e esses prédios desse tamanho em cima! Fica tudo oco.
FILHO - E também tem o petróleo, que eles tiram do centro da Terra.
EU - Não, não é bem do centro da Terra...
VOVÓ - É do mar, não é? Tiram é do mar.
EU - ...
FILHO - Isso, e de onde tiram fica tudo oco.
VOVÓ - Daí constroem esse monte de coisa em cima da terra que é uma casquinha. Treme tudo mesmo!
FILHO - E vcs vão ver quando as calotas polares derreterem. Daí vai ter nego boiando pra tudo quanto é lado.

(discutiram ainda carga tributária e cartão corporativo. Estavam passando pelos problemas do mundo em 180 segundos. Quando temi que eles começassem a falar sobre filosofia, chamaram minha senha e eu voei sobre os guichês)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Poesia Catarrã

Em homenagem à tuberculose da Mari e ao anúncio profilático no busão.

....Catarro
.........Carrasco
...Escarro
.......Rui! Rui! Rui!
Escarrasco
..Escata.
....Escapa.

Estafa.

TOSSETOSSETOS
...............................SETOSSETOSSETO
Asséptico.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

316 quilômetros de desventuras quinzenais

No último final de semana viajei para Ribeirão Preto, onde moram os meus pais. Costumo ir para lá umas duas vezes por mês e nos feriados religiosos/familiares. Até aí, ótimo. Todo mundo sente saudades de casa e é sempre uma alegria o repouso longe da cidade grande. O problema são os 300 quilômetros que me separam de lá.

Sim, porque são 300 quilômetros de ônibus, 4 horas de viagem e mais 40 minutos de metrô. Em suma, da minha república até a casa dos meus pais são pelo menos cinco horas de percurso. Óbvio que sempre acontece alguma coisa inusitada que acaba por me deixar atônita ou mal humorada.

Já enfrentei roncos, cotoveladas, crianças, conversas inimagináveis e até um casal de velhinhos saídos de uma novela da Janete Clair - irritantemente dorianos, cáquis e de uma pronúncia exacerbada doSSS pluraiSSS que me ensandecia. Eles até se referiam ao filho deles como "nosso filho". Afemaria, né gentê?

Da última vez foi o ônibus fedido com goteira. Incrível como todos os ônibus daquela maldita companhia têm cheiro de latrina. Claro que a mistura de aromas não se restringe ao odor de banheiro químico. Também é possível sentir notas de mofo e azedinho de suor. Um buquê que faria qualquer ser humano, por mais resfriado que estivesse, querer enfiar o nariz num vidro de perfume. Até um Giovanna Baby serviria. E sim, não bastava o fedor endêmico, o ônibus também tinha a goteira.

A danada da goteira só não me incomodava tanto quanto o fedor porque não estava em cima de mim, mas da passageira à minha frente. A água sujinha de ar-condicionado pingava bem no pé da moça, que estava apoiado em uma das paredes do busão. Eu querendo acordar a moça, morrendo de dó do estado em que o pé dela estaria quando ela acordasse (eu juro que imaginei ela tirando o pé do sapato e achando cinco chapéus de sapo ao invés de dedos) mas me faltava a disposição inerente às pessoas interativas. E a goteira pingando...

Isso tudo porque a tal companhia de ônibus é das melhorzinhas que tem por aí. Me mata de dó ver aquele mundo de migrantes descendo na rodoviária depois de 17 horas de viagem apertados em alguma lata de sardinha sem ar condicionado. Melhor não reclamar e prender a respiração da próxima vez.

sexta-feira, 28 de março de 2008

barcelonina

A foto de promoçao do show novo do ney mato grosso




parece o lagarto do parc Güell!!!


ele nao super tá com uma expressao de lagarto???

ps: viva o shoe-me!

terça-feira, 25 de março de 2008

os males da brasilidade nas oropa

Acabou de acontecer nesse minuto. Mas o entendimento geral da situaçao demanda explicaçoes prévias.

Entonces q fugindo da especulaçao imobiliaria e das freiras fofoqueiras que queriam me assassinar aumentando violentamente minhas taxas de colesterol e sódio, eu mudei pra um bairro calmo e tranquilo dos suburbios de barcelona, q nem é tao suburbio assim, uma vez q em 15 minutos eu estou em pleno centro geométrico e geografico de bc., ou seja, é praticamente centro em padronagens paulistanas...! De portalense vizinha da avenida paulista e miolinho cult, tornei-me portanto uma habitante de Hospitalet de Llobregat, sem o glamour do eixample (o bairro centrico e chique), mas com uma sensacional oferta de lojas de paquistanis que só fecham as 11 da noite, e abrem de domingo, coisa que os supermercados e lojas em geral daqui nao fazem...!Além de uma xarxa de bibliteques (rede de bibliotecas, em catalao) sensacional!!! Vai ser brasileiro na europa, bem! é xique no urtimo!

O caso é que como eu, varios imigrantes também foram arrastados para nossos queridos arrabaldes, como acontece com toda grande cidade q se preze, desde os tempos do império
romano e antes até.

Entao eis que estou eu, feliz da vida com minhas meias roxas-fabercastell, contrastando com a bonita manta laranja do ikea que cobre meu sofá, tb utilizado como escritório, laptop no colo estudando politicas de financiamento de instituiçoes culturais (prático, sem deixar de ser cult, como convém a uma ex-letranda), quando alem do corrente reggaeton (uma praga do
naipe do funk) dominicanos do vizinho do lado, ou da vizinha de baixo que briga com os filhos em arabe ou alguma outra lingua do capeta, e que me da muito medo, ouço acordes familiares e pegajosos, seguidos de uma voz clara e famosa de certa cantora que deve ser parente do Quércia pela cara de cavalo... Até aí, tudo bem, até o Harmonia do Samba vem tocar na espanha com as mulatas do salgueiro, e Ivetão vai tocar ate no rock in rio madrid, vêee se eu mereço... Eis (de novo) que surge uma vozinha, ressucitante dos idos de 1996-97, sucesso nacional e logo desaparecido...Netinho, aquele que se fantasiava de sergio mallandro com uns bonezinhos coloridos e cantava coisas tipo ôoooo miiiiiilaaaaaaaa e afins....!Deste nao foi só umma música. Foi praticamente o cd inteiro!

Se começar a tocar o créu por aqui, juro que me jogo da sacada! depois catem meus caquinhos pela rua e pela loja do paki, que nunca fecha!

Com licença, eu vou comer o resto da feijada de sábado...

Deixo-os com uma muito intrutiva demonstraçao da tosquidade hispánica. Vai ser bom inclusive pra aumentar vosso já vasto vocabulário!

petò!

segunda-feira, 17 de março de 2008

Anúncio tirado de uma linha vermelha de metrô

Seu dia de noiva merece glamour e sofisticação

- Prova de penteado
- Maquilagem social
- Mão e pés (unhas decoradas)
- Limpeza de pele
- Massagem relaxante
- Designer de sobrancelha e buço
- Depilação completa
- Refeição
- Ateliê da noiva

terça-feira, 11 de março de 2008

Dramalhão corporativo

Crise existencial em um ato

Cenário: Escritório típico de repartição pública: sala grande, imensa... daquelas que dá preguiça de ir até o bebedouro, duas samambaias que imploram por água e, vez por outra, alguém lembra que elas existem, já que só a visão delas traduz o funcionalismo e a depressão que tem o servidor por acumular pó em uma sala daquelas, dois ventiladores que você tem certeza que são relíquias da antiga Berlim Oriental, excesso de mesas e de contratados - embora sempre que alguém procure por pessoas dois cargos maiores do que o seu, ouça a mesma desculpa: Ah... é que ele tinha um compromisso inadiável (o compromisso sempre acontece com outrem que não está trabalhando, mas as duas pessoas não estão juntas, óbvio).

Personagens:
Bete: faxineira daquelas que veste azul e redinha branca no cabelo, 45 anos, magra e bem humorada;
Cidinha: secretária executiva II na hierarquia do funcionalismo estadual. Nunca encontrou o amor, mas sonha com o casamento feliz e a maternidade. Tem 48 anos, é gorda e resmungona. Admira o cavalheirismo. É neurótica por doces... e diabética;

Breno: estagiário em fim de contrato, pessoa um tanto azeda e que ri da desgraça alheia por diversão e/ou costume. Tem 24 anos, é magro, chato e um tanto neurótico. Ultimamente tem apresentado fortes pruridos devido a uma crise alérgo-alimentar.

Breve diálogo:

Bete: Ahhnnnnnnnnnn ahhhhhhhhhhhhh!!!!
Cidinha: Ai, Breno... já sei por que a Bete suspirou! Ela está apaixonada!
Breno: E viu o amor da vida dela.
Bete: Deus me livre!
Cidinha: Deus me livre por quê? Temos que amar. O Breno tá sempreapaixonado, né, Brê!?
Breno: Ô...
Bete: Deus me livre de detonar de novo meu coração!

Cai o pano, de preferência bordô, e se abaixa a luz de cena.
Ouve-se a risada discreta de Breno ao fundo

P.S.: Nomes fictícios... ou não

sábado, 8 de março de 2008

Em Dublin, onde tudo pode acontecer.

Um blog pheeno. E me atrevo a escrever com PH e um double "e" com som de um "i". Tambem me atreverei a escrever sem acentos ou regras. Quero aproveitar essa liberdade poetica que so um teclado gringo pode me proporcionar.





Por que um blog pheeno? Diretamente da ZL para a capital da Irlanda, o Ovo Frito com Champagne tem o prazer de anunciar seu primeiro correspondente internacional: Kim Basinger contara todas as suas desventuras ou a de seus roommates semi-alfabetizados que se inspiraram em Sol para fazer a America na Europa - uma lagrima de sangue mareja em meu olho amendoado direito nesse momento.



Eis que tenho a magnifica sorte de estar numa familia-feliz-irlandesa. Obviamente, sou sortudo, mas tambem brasileiro. Logo e impossivel uma chuva de diamantes ininterrupta em minha vida. Dois dias apos minha chegada, aterriza na residencia de Cherry Ave um brasileiro que nao desiste nunca. 30 anos, alguns filhos, uma mulher devidamente embuxada e abandonada na Floresta Tropical-Brasil e , claro, sem a minima nocao de como falar "Como vai voce?" em ingles.

Malandro e malandro, mane e mane: nesse infortunio do destino me tornei baby-sitter de pseudo-pai-de-familia-querendo-fazer-a-Sol. Okay. Ate ai, tive uma criacao crista e pude pensar nas 259 recompensas que Jesus poderia me enviar a Terra devido a minha bondade e pureza no coracao. Peguei na mao e o ajudei a abrir conta no banco, a ir na imigracao...

Mas a PROVA maior ainda estava por vir. Porque ter direito a um pedacinho no ceu nunca foi barato, meus caros. Alias, creio que depois dessa terei direito a uma nuvem ao lado dos Kennedy e de Lady Di. Eis:

Manha

-Ow, mano, ta cocando - (sejam inventivos e vejam um c-cedilha)

-Entao coce, oras - disse eu, sempre pragmatico.

-Mas ta cocando aqui o - disse o desesperado, apontado para as partes em que o Demo habita.

-Ca-ra-lho!

E assim fui em procissao a farmacia. Com muito amor no coracao, orientei-o:

-Peca para ele algo que " fight against crab lice".

-Nao, mano. Nem sei falar isso. Quebra essa ae - disse o infeliz, cocando as partes, e eu desejando quebrar mesmo era a cara dele.

Fui eu a farmacia fazer o pedido. Com toda dignidade e orgulho latino expliquei o problema. Quando acabei o relato dos desaventurado, fui obrigado a ouvir do atendente:

-OH MY GOD!!!


segunda-feira, 3 de março de 2008

Left at Albuquerque

Os azares e a lei de Murphy resolvem pegar no pé da gente justo naqueles dias em que tudo deve sair impecável. Até aí, isso não é novidade para ninguém, e sendo a índole humana naturalmente maligna*, todo mundo adora ver o amiguinho se estrepando. Por isso acho que minha última grande aventura no trânsito paulistano merece virar post aqui.

Tudo começou com um combo muito insalubre: eu me recobrava de uma imensa ressaca e tinha o dedão do pé esquerdo deflorado por uma manicure açougueira. Nessas condições é imprescindível que o sujeito tome uma aspirina e durma por catorze horas ininterruptas, não? Obviamente, não era o meu caso, pois eu teria uma entrevitsa de emprego agendada para as oito horas da madrugada em uma empresa localizada na Av. Berrini.

Conseqüência de toda a sabedoria que me é atribuída por amigos e parentes, fui dormir às três da manhã. Não obstante, segui a cartilha das entrevistas e acordei bem cedo, vesti a fantasia corporativa e saí de casa com uma hora de antecedêndia julgando que seria tempo suficiente para comparecer pontualmente à temida conferência. Ledo engano...

Meus infortúnios começaram logo que escolhi o itinerário ônibus-ônibus ao invés do ônibus-trem. Por causa do meu pobre dedão inflamado, imaginei que seria muito mais conveniente pegar um segundo ônibus e descer na cara do escritório ao invés de ir de trem e caminhar 500 metros mancando mais que carteira de escola pública. Ledo engano número dois. Para começar, o primeiro ônibus que eu deveria tomar atrasou, me deixando com dez minutos de defasagem na maratona do emprego. Até aí, tudo bem, julguei que um pequeno atraso não seria tão prejudicial. Além do mais, supõe-se que existam muitos ônibus que façam o trajeto Faria Lima-Berrini, não é mesmo? Suspiro...

Eu esperei. Esperei. Esperei um pouco mais. Já eram oito horas e nada de ônibus pra Berrini. Minhas entranhas ensaiavam um siricotico e eu me torturava mentalmente. Já estava em vias de desistir quando o ônibus desejado chegou. Pulei dentro dele já um pouco mais tranqüila e torci para que o motorista infringisse todas as normas de trânsito e me deixasse no escritório em dois minutos. Ah, vã esperança.

O trânsito livre, o ônibus em boa velocidade, tudo correndo perfeitamente e eu sentia que um feixe de luz dourada me banhava naquele momento glorioso. Mas então, no auge do meu êxtase, ouço aquela voz cheia de razão que arruina sonhos e desilude os poetas e as crianças. Essa voz era do cobrador e dizia "Vira à direita, Ceará! À direita!". O Ceará não virou. Assim como eu, Ceará era estreante naquela linha e tinha apenas uma vaga idéia do que estava fazendo. Errou o caminho e eu, feito uma pomba maluca, virava a cabeça para todos os lados, buscando a revolta no coração dos passageiros e uma linha alternativa que me levasse na velocidade do pensamento para o meu destino.

Resultado da empreitada: cheguei no lugar da entrevista às exatas 8:36 da manhã, suspirei fundo e tomei outro ônibus de volta para casa. Na minha mente, apenas a famosa frase do Pernalonga "Acho que eu deveria ter virado à esquera em Albuquerque".

*quem era mesmo que falava isso? Determinismo, darwinismo, xintoísmo... quem lembrar o nome da corrente de pensamento, me avisa aqui nos comments

Em tempo: a entrevista foi remarcada. Desta vez, consegui comparecer sem atraso algum.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Coadunando até o chão

Andei reclamando que estava sem assunto para postar aqui, tanto que cheguei até a publicar a poesia concreta do ovo frito, nascida do feliz acasalamento entre um erro de digitação e uma sinapse mal intencionada. Mas justo quando eu começava a suspeitar de que talvez tivesse direito a uma existência tranquila, coerente e lógica, novamente o bizarro voltou a me assolar, numa de suas formas mais nefastas.

Eis que decido exercer os meus direitos de cidadã e consumidora consciente durante o meu horário de almoço, dirigindo-me com toda pompa e circunstância ao Juizado Especial Cível da rua da Consolação, crente e estranhamente confiante de que 2h são tempo suficiente pra qualquer coisa na cidade de São Paulo.

Nem discuto a minha inocência ao achar que tudo se resolveria muito antes da minha bunda estabelecer ligações covalentes com a cadeira. Depois de já ter feito amizade com um velhinho separatista colega de primário do José Serra, e com a Dona Sueli e a filha Tati que foram agraciadas com o milagre da multiplicação das dívidas, minhas retinas fatigadas vislumbraram de longe estas palavras, brancas sobre vermelho:

"É expressamente proibida a entrada de pessoas trajando bermudas, camisetas regata, mini-blusas, calçando chinelos ou envergando qualquer outra indumentária que não se coadune com o decoro forense".

Todo um universo se abriu pra mim neste momento. Eu, já envergada na cadeira, nunca tinha pensado que pudesse envergar uma indumentária. E percebi que naquele momento eu envergava um vestido, enquanto os alegres moçoilos que aprendiam, com tanta leveza no semblante, a respeitar os ritmos da Justiça, envergavam ternos e gravatas.

Mas, já diria a sabedoria do povo, não basta envergar, tem que coadunar. Uma homenagem ao jargão jurídico, que salva do esquecimento palavras tão charmosas:

Coadunar: v.t. Reunir, formando um todo; incorporar / — V.pr. Combinar-se, conformar-se.

Presente do Indicativo
eu coaduno
tu coadunas
ele coaduna
nós coadunamos
vós coadunais
eles coadunam

Daí, eu lá envergando há mais de três horas, completamente coadunada à cadeira, esperando por um lampejo de decoro forense, penso: mas e o decoro verbal, minha gente??? Pensam que podem ficar envergando a língua portuguesa ao bel prazer???

Não apenas podem, como é certo que quem é capaz de usar tais palavras não dá ponto sem nó. Assim, depois de quatro horas de envergadura, entendi que é tudo parte de uma política de redução do trabalho: eu fico com vontade de nunca mais voltar e eles se poupam da fadiga.

Oh, mas eu quero voltar, sim, e sonho adentrar o recinto envergando traje nenhum, pra então gritar ao decoroso foro: "Aê! Enverga isso, agora!!!"

Amy Winehouse = Amália Bodega

Esse ovo frito esquecido na frigideira, deve estar uma verdadeira borrachona. E o champanhe, morno, perdeu o gás. Mas nem tudo é tragédia nessa vida e marchesi nos animou com um muy feliz e criativo poema concretista esta manhã e eu resolvi tirar do baú dos drafts essa pauta (ho, eu tenho um bau de drafts pra posts tontos!)
ë sobre uma peculiaridade da lingua espanhola, um fato bizarro que incomoda um pouco bastante: os espanhois padecem do mal da traduçao compulsiva. É triste e vergonhoso, especialmente quando vc esta falando de musica ou filmes, tem que pedir pra repetirem o nome umas cinco vezes, até voce entender que o "u dos" que eles tao falando, ou o rem são o U2 e o R.E.M. Eu já tinha tido alguma suspeita de que um povo que le el capital de Carlos Marx era meio bizarro (ah, as estantes da velha biblioteca FFLCH-USP)...

Além das bandinhas, voce tem coisas tipo videojuegos, pra videogames, e o console, ou o videogame mesmo no meu dialetao paulista- caipira, ganha o simpático nome de "consola" (deve ser porque consola os nerd-freaks que nao arranjam namorada)...

A Amália Bodega do título, confessarei, foi de um programa humoristico... mas é completamente verossimil e aceitável!

Fripoema

Ovo frito
...vovô frito
.....ovo fri
............frito ovo
frishplá frishplá frish plá
.......fri vovô

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

CARNAVAL


Os membros do blog não vão comentar sobre seu carnaval. Por que? Porque conhecemos, nesse período, o saçi-pentulhudo, a AMT (Associação dos Motoboys de Taubauté); além disso roubamos espetinhos de camarão descaradamente e criamos o infame Vadia's Room para desfrutarmos o feriado com muita CAJAMANGA. Não entrarei em mais detales sobre o Homem Pernil e o Catalão de Pirituba.

Enfim, sim, saímos traumatizados e ficamos mais loucos que a Britney. Nossa rehab? Em Nhandera, cidade simpática e pequenina que nos ofereceu uma semana gratuitamente no seguinte estabelecimento:


Aí eu começo a pensar que minha auto-estima está nos meus pés, tento chupar meu dedão e percebo que sou apenas um ser humano, no seu próprio cerne, fedido e gordinho.



Acho diferencial competitivo podóloga de mãos.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

os ditosos ares da lusitania

Pois entonces que, por uma questao de logistica de passagens aéreas, acabei concertando passar o carnaval em terra brasilis, do lado de baixo do equador, onde nao existe pecado, na esperança de matar a gringaiada de inveja com o tom de pele dourado-laranja-verão tropical. Em São paulo chove a cântaros, crio fungos nas canelas , molho os sapatos e nao há mais blusas de frio disponiveis... alegria? Sim, de ver os amigos que andam por aqui e que são doces, mas nao sao de açúcar! (ok, momento piegas)

Eu voei de TAP. o voo da TAP e a sua larga escala em Lisboa me forçaram uma experiencia na lusitania, que merece um espaço no ovo-frito-e-champanhe. Quer coisa mais ovo frito e champanhe que horas no aeroporto de Lisboa?

Num tal que cheguei as 8 da manhã no Aeroporto da Portela (acabo de me inteirar. O aeroporto do Rio devia se chamar Aeroporto da Mangueira). Até as 14h30, quando da partida do meu voo, fiz muitas coisas uteis:
1. cochilar no banco da sala de espera, do lado da barraquinha de chilli beans. Quando eu levantei, os atendentes me deram bom-dia.
2. ensaio fotográfico do aeroporto de lisboa. Tinha um grande cofrinho pras pessoas fazerem doações ao UNICEF. Dentro e só tinha REAIS! E a foto do cartaz do cofrinho, tinha uma menininha negra q tinha uma enorme mosca na bochecha, á guisa de pinta.
3. caminhadas pelo aeroporto. A pracinha de restaurantes, cheia de azulejinhos e nomes de escritores era super fofa. Da pontezinha q dava acesso a essa pracinha, dava pra ver vaaarias muçulmanas sendo revistadas...
4. mais caminhadas no aeroporto. Olhar aviao taxiando é muito deprimente. Ainda mais quando faltam 4 horas pro seu sair...

Polianicamente, aprendi muitas utilidades em portugal, e com os filminhos legendados pela tap!

que a publicidade portuguesa nao superou as riminhas infames...











Que voce deve dizer "estou" quando atende o telefone!
Que café com leite é "garoto"
E que os gerundios em portugal nao existem, simplesmente porque os telemarquetings do brasil ficaram com todos!

reflexao do dia: pastel de belém nao traz a felicidade, mas sim o pao de queijo e as carolinas!

Era uma casa portuguesa com certeeezaaaaaa

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Magia e Sedução


Deu para perceber que Bruno é magia e sedução?

VEJA Bruno

Bruno deu uma entrevista exclusiva à revista Veja. Já adianto minhas conclusões sobre a entrevista: amei a coragem para dar a entrevista; odiei o alucinógeno que ele tomou antes de conceder a mesma.

Vamos aos melhores momentos, Brasil:

MOMENT I

" Não vou ser hipócrita: é claro que o dinheiro ajudou. Gay rico, no Brasil, é mais bem-aceito. Se eu não tivesse essa estrutura, teria virado, como dizem, 'aquela bicha pobre'.

Dúvida sincera: se Bruno tivesse nascido na ZL estaria no programa da Márcia reclamando que mamãe queimou todos os seus paetês ?


MOMENT II


Já sobre as Paradas do Orgulho do Rio e de São Paulo Bruno Chateaubriand é enfático: "Acho que eles têm dois problemas. O primeiro é que são caricatos: fazem pensar que todo gay é exibicionista e vive em clima de boate."

Pára-Tudo, Márcia!


Bruno realmente te faz refletir e rever os conceitos do que é caricato,não é mesmo, minha gente?


DICA DA TIA BASINGER


Curte Metáforas?!


segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Bus Session

Ao contrário do que parece, não tenho a intenção de discorrer sobre qualquer forma de transporte coletivo. O título serve apenas para ambientar esta pouco comentada figura do folclore urbano, à qual dedico estas provavelmente primeiras considerações. Não importa se no compulsório coletivo metropolitano ou se no falso conforto de um ônibus-leito; ele não está na boca do povo, mas todo mundo já o ouviu pelo menos uma vez - o sujeito assoviandinho. Repito: ouviu, porque ninguém jamais o viu. Por mais que se olhe freneticamente em todas as direções, ele nunca é identificado. Não está entre os passageiros, não é o cobrador e tampouco o motorista, mas é certo que está entre nós. Neste momento, escrevo em sua presença; e pela frequência dos meus contatos com a entidade posso descrever as suas aparições.

Ele chega num ônibus silencioso pegando-me desprevenida do meu mp3. Seu assovio débil é produzido pela passagem do ar entre a língua e os dentes, e não pelos lábios em forma de biquinho (sssss, e não fffff), e embora fraco alcança o ônibus de ponta a ponta. Sua melodia não se parece com nada conhecido, e às vezes nem parece uma melodia - ele improvisa, como um jazzista.

Ele é capaz de assoviar ininterruptamente durante todo o caminho, ou toda a viagem, o que me leva a crer que ele não é humano. Todos, sem excessão, fingem ignorar a sua presença, e o silêncio se intensifica. Talvez tremam por dentro certos de que se trata de um exu zombeteiro. Mas a verdade é que eu nunca vi ninguém mencionar ou comentar a presença do sujeito assoviandinho, ainda que o incômodo causado seja inegável.

Eu imagino o que aconteceria se eu de repente dissesse ao estranho ao lado: "Nossa, mas quem será que tá assoviando??" Me pergunto se eu causaria pânico geral, se uma fenda se abriria no espaço-tempo, se eu seria linchada pela multidão enfurecida ou se o exu me puniria amarrando a minha boca. Não quero desafiar o instinto coletivo e por isso corroboro com a espiral do silêncio. E finjo assistir com apatia a TV do ônibus.

Mas que fique registrado aqui o meu testemunho.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Luís Vitão

Daí que as pessoas normais todas têm que comer, né. Aliás, até as anormais comem. E para poder comer, tem que comprar comida, que pode ser adquirida em suas mais diversas formas, estados e maneiras. Compra-se a comida no restaurante, no empório, no mercado, na quitanda... E, lógico, na feira. Considero a feira livre uma das grandes alegrias urbanas. Quer coisa mais gostosa que aquela galera gritando o preço da batata a plenos pulmões, as velhinhas mal humoradas se queixando da qualidade dos tomates, o colorido hortifruti, tudo pontuado pelo maravilhoso cheiro de chicória murcha semi-podre? Bem, quero crer que todo mundo conhece feira, então pouparei este texto de maiores e mais detalhadas explicações, já que em essência, são todas iguais.

Pois bem. Eu, pessoa normal que sou, também preciso comer. E para comer, compro comida. E compro comida na feira. Eis que dias atrás, fui às compras acompanhada de alguns amigos a fim de abastecer a despensa. Seria uma feira igual a todas as outras, não fosse por um detalhe de singeleza ímpar: era situada nos Jardins.

Até aí, que mal tem, né? A classe alta paulistana também enche a pança, e pra encher a pança tem que comprar comida, blá, blá, blá... Pois bem. Passeávamos então, em busca de nossos suprimentos e observávamos a fauna local entre uma bisbilhotada e outra nas hortaliças. Entre uns e outros, os transeuntes eram compostos de alguns tipos: pessoas mais ou menos como nós, mulheres e homens de meia idade, madames com cachorrinhos, madames acompanhadas de suas pacientes empregadas domésticas, velhinhas anunciando suas carteiras e óculos de grife... e pronto, o conceito-feira já havia sido completamente maculado, e é justamente esse o problema!

Não sei se acho que o paradoxo é divertido ou idiota. Sei que ao invés de ver crianças choronas comedoras de pastel e velhinhas pechinchadoras, assisti uma senhora bronzeada e botocada, dessas que desejam ter 18 aninhos pra sempre, ser humilhadinha ao ver seu Lulu barulhento chamado de quati feio (ou qualquer coisa que o valha) por um feirante divertido. Havia também duas velhinhas, uma mais velha e uma menos velha, andando de passinho difícil sob o sol escaldante, abrindo suas carteiras Louis Vuitton e ajeitando seus enormes óculos Chanel. Gentê. Chanel na feira? Me poupem vá. Quando muito, quero ver um vendedor de bugigangas anunciando suas bolsas made in Paraguai e berrando distintamente "Olha a bolsa Luís Vitão".

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

FASHION FREAK SHOW RIO


Pois é Brasil, os próprios membros do blog são a personoficação do Ovo Frito com Champagne. Num dia estou fazendo check-in no aeroporto e super circulando na ponte aérea RIO-SP-RIO; noutro estou meia-noite no Terminal Rodoviário Barra Fundo com destino certo: cidade de vovó, Macaubal. A vida gira,gira,giraaa como diria minha amada e amiga Leila Lopes.

Mas estou aqui para compartilhar com meus amiguinhos minhas experiências pessoais com a alta sociedade carioca; tudo isso com muito banheiro químico, brindes de plástico e prosecco barato.

Capítulo I - Vera Loyola - O Retorno da Múmia



Vera é Fashion.

Mal tinha chegado à Marina da Glória, local do Fashion Rio, e trombo com ninguém mais, ninguém menos que Vera Loyola. O destino é sábio e fez com que Vera desejasse entrar num espaço privado gerenciado por mim. Vera não tinha convite, mas tinha um fã e admirador que a salvou da humilhação dos seguranças mal encarados vindos de Niterói: EU, humildemente resgatei Vera. Hoje somos amigos de infância. Só fiquei assustado com a quantidade de base usada em suas faces; inicialmente pensei que era uma múmia fujitiva com a peruca da Hebe. Só depois de ativar meu olhar de lince reconheci minha amiga.


Capítulo II - Adriana querendo fazer B0mbom

Quem vê esse sorriso nem imagina que artista faz xixi e popô,né?



E lá foi Adriana Bombom correr atrás do seu...No Fashion Rio formam-se manadas de artistas, modelos,manequins e seus respectivos assessores. De hora em hora, eu era chamado para permitir a entrada da empregada do Ferraço na novela das 8, a ajudante da Dona Neuta da famigerada América e blá blá whiskas sachê. Até aí nenhuma surpresa; era a diversão do dia barrar as ESTRELAS de Malhação. Confesso que era um regozijo diário e delicioso. Mas eis que Bombom nasceu para me oferecer mais prazer e lascívia. Era final de noite, o sol estava se pondo na baia de Guanabara, um lindo arco-íris prometia uma noite intensa e cheia de acefálos para mim....Adriana Bombom e sua assessora surgem inesperadamente e desvairadas na porta do estande.

Adriana só geme e cruza as pernas. È a assessora que precisa fazer o trabalho surjo e árduo: pedir um favor.

-Boa Noite, Bombom precisa de um TOÁLETI (reproduzindo foneticamente as palavras da assessora)

-Não temos banheiro no espaço.

- O que é aquilo no fundo, cara? - disse rispidamente a assessora vislumbrando seu fracasso e minha má vontade.

-Uma redação onde jornalistas trabalham.

-Onde tem banheiro?

(Sim, Adriana, com o passar do tempo aumentou seus gemidos e seus pés tremiam em plataformas gigantes)

-Há os banheiros químicos do evento. Boa sorte.

Resignada, assessora e artista partem.E eu gozo.

Capítulo III - Carla Diaz em seu papel mais dramático: mendiga.

Os artistas mirins tem uma versão MONSTRA DO PADÊ para o papel de assessora e empresária: suas mães. E foi uma dessas a responsável por Carla Diaz interpretar seu papel mais dramático na vida real, meu povo. Ela cresceu, através de saltos incríveis, mas sua mãe não a abandonou. E a mãe implacável e ainda com seu espiríto de Ilha do Governador/Niterói pede para a filha: pega um brinde naquele estande pra mamãe.

E eis que a partir desse ponto tive o prazer de contranecenar com um clássico de atriz mirim, Carla Diaz:

-Oi, moço.

-Oi.

-Você tem aquele brinde?

-Que brinde?

-Aquela bolsa de plástico whiskas sachê e blá blá blá

-Tenho.

-Ai, eu quero uma. (Nesse momento, pobre Carlinha, encarna uma lolita sensual em busca da polsa de pvc prateada. Eu choro por dentro).

Eu sou puro e jamais teria coragem de magoar uma atriz mirim. Eu dei a bolsa, a mãe ficou feliz e eu com pena da Lolita-Mendiga.

Beijos. Não me liguem até domingo.



segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

E segue o freak show!

E continuam os sinais do Apocalipse! Notados principalmente... bom, notados em qualquer lugar em que você estiver, já que, se o mundo for acabar, Deus não vai salvar, por exemplo, a Mooca por achar que lá é um lugar simpático.

Mas paremos com a análise comportamental divina e sigamos aos fatos: sábado, lá pela uma da tarde, resolvemos (eu, colaboradores deste blog e agregados) ir ao supermercado fazer compras para um agradável almoço desses de cozinha coletiva, cujo processo já é em si uma diversão e cuja garrafa de vinho para cozinhar o arroz do risoto acaba no estômago da patota assim que se resolve que o arroz já está bêbado.

Saímos e tomamos a direção do Pão de Açúcar da Alameda Santos, que lá é lugar de gente feliz. Ao cruzarmos a Paulista, começam os sinais da manifestação da fúria de Alá: já no semáforo de pedestre vemos uma senhora levando ao ombro um papagaio, que tinha o pé preso por uma correntinha para não voar e ir papagaiar as intimidades da senhorinha por aí, que é coisa feia até para papagaio de gente desocupada.

Sabe, isso é coisa que você pára, olha, estranha, olha de novo para conferir se você ainda não está bêbado e segue fingindo que não é com você, afinal é a Paulista. O problema é que a Senhorinha do papagaio tinha uma seguidora! E a fan da dona do Psitaciforme (perdoem o linguajar mais científico, mas quero pedantar também) ia doida atrás dela, berrando na calçada do Conjunto Nacional “Que papagaio lindo! Posso pegar! Posso pegar! Ele fala?” e por aí vai. Claro que nesta hora você (e o resto da avenida) se afasta daquilo o mais rápido que consegue, afinal, você mal acordou e ainda tem medo das coisas que seu cérebro pode criar.

Passado o trauma, seguimos até o mercado – onde havia um clone da Amy Winehouse servindo na padaria. Não era exatamente clone... a mulher não era igualzinha a Amy, mas você olhava e sentia uma coceira no topo da cabeça... dava meio que uma agonia na gente.Bom, ignoramos a criatura e compramos o que queríamos. Quando estávamos no caixa, resolveu cair a maior chuva do mundo. Chuva grossa, com trovão, raio e transformador elétrico estourando no poste. Claro que se formou um aglomerado de gente na porta do mercado, esperando condição melhor para sair, mas nisso, uma moça que tinha pressa pôs duas sacolinhas do mercado na cabeça (parecia um chapéu de cozinheiro) e saiu correndo pelo meio da Santos naqueles trajes. Tirando a crise de riso, tudo normal: ela fez aquilo para ir pela chuva. O negócio é que uma outra mulher (que eu juro: era o Chico César, com direito inclusive a seu penteado de cebola), mas, então, essa outra mulher pôs uma sacola na cabeça e ficou andando pelo mercado, onde, obviamente, não chovia.

Desolados com a última cena, voltamos para casa... na chuva mesmo, antes que aparecesse alguém igual ao Felipe Dylon com um macaco proboscis dançarino de tango.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Burbujas de amor, parte II

O anão de terno da Mari Sueca deixou horriveis sequelas. Entre elas, me fez pensar no fim do mundo, no cancelamento da cerimonia do Globo de Ouro, no Rally Dakar e no começo de mais uma ediçao do Big Brother, como grandes prenuncios do apocalipse, ou seja, tem alguma coisa muito errada com 2008... (Eu nao vi esse ano nenhuma prediçao de astrólogos do fantástico, nem ninguem usou branco no reveillon perto de mim, então estou fabricando algumas prediçoes eu mesma...)

O anão de terno da sueca também me deu interessantes estalos, sobre a integraçao cultural latinoamericana(escrevo sem til pq fazer o comando do til é muito complexo. esse teclado do capeta nao tem til e tem umas coisas desse naipe, ó ¡¡¡¿¿¿¿¿) . Nas minhas viagens, eu descobri que Roberto Carlos, o rei, é rei também em diversas partes do mundo ibérico e chegou a ter várias aparições na TV espanhola. É capaz de causar furor em tiazinhas mexicanas com o mesmo poder de fogo que o faz com as donas brasileiras. Sim, ele é terrível. (ou terrivel era o Erasmo?). CAusou furor em alguns círculos familiares meus conhecidos também o fato de todo o especial de natal deste ano de RC estar no youtube... e isso foi bem bizarro!
Presentinho I: Detalles, de RC, em espanhol. Ou Robertão e seu cachimbo...


http://www.youtube.com/watch?v=NmeVv8fm6dg

Os hits hispanicos impulsionados por musica brasileira têm direito até a uma versão da cançao-sensaçao de 96, a boquinha da garrafa - boquita de la botella, com direito a traduçao de letra (¡¡¡!!!), que consegue ser peor que o original, de mais explícito...
EL BAILE DE LA BOTELLA

Me dicen que cuando ella baila te agarra y te aprieta de verdad. Me dicen que cuando ella baila te agarra y te aprieta de verdad. Pero ahora se agarró a la botella, yo no sé que hacer con ella y no para de bailar. Ahora me dejó por la botella, y no sé que hacer con ella no me puedo ni acercar. Y se pega a la boquita e' la botella En la boca e' la botella. Baja encima e' la boquita e' la botella En la boca e' la botella. Baja más, baja más, un poquito. Baja más, baja más, despacito. Baja más, baja más, un poquito. Baja más, baja más, despacito. Va saliendo de la boca e' la botella. La boquita e' la botella. Va subiendo por la boca e' la botella. La boquita e' la botella. Sube más, sube más, un poquito. Sube más, sube más, despacito. Sube más, sube más, un poquito. Sube más, sube más, despacito. A ella le gusta el jala, jala. Y moviendo las caderas solo piensa en bailar. Si, le gusta el jala, jala, vió la boca e' la botella y ya no puede parar. Si a ella le gusta el jala, jala. Ta' moviendo las caderas no me puedo ni acercar. Si, le gusta el jala, jala, vió la boca e' la botella y ya no puede parar. REPITE TODO.

Por fim, Burbujas de amor. Borbulhas de amor é um clássico. Foi até trilha sonora de novela, muito bem cantada nasalmente pelo admirável cearense Raimundo Fagner. Mal sabiam voces que era, na verdade, sucesso do musico dominicano, Juan Luis Guerra, um dos maiores vende-discos de bolero e demais ritmos melosos caribeños. Fagner fez muito bem em tirar o irritante refrazinho ayayayay-mariachi-com-dor-de-barriga e fez a música muito menos indecente trocando "mojado en ti" por "dentro de ti", que nos remete menos a fluidos... (o clipe, que é genial, colocarei o link abaixo), coloca os amantes em situaçao de chuva, pra disfarçar um pouquinho e esfriar os ardores das paixões... bem.. vejam vocês mesmos...


http://www.youtube.com/watch?v=kQPpe_TEtXQ


terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Problemas com nomes no país cor de brasa

Ontem, no ônibus, voltando das minhas eternas pesquisas com as classes menos abastadas desse meu Brasil varonil, pego de ouvido:
- “Mas a esposa do Elvis é uma vagabunda!”
- “Vaca mesmo, onde já si viu fazer aquilo com alguém que deu tudo para ela”
Já pasmo, pensando na esposa de Elvis, que, calculo eu, chame Rita Pavone, começo a pensar nas mazelas da nomenclatura nacional:
O ônibus saia da Rua Augusta – cuja última coisa relacionada à pureza do nome acontecida foi o prefeito Kassab (doravante “A Fechadeira”) ter emparedado todas as casas para relaxamento dos solitários – e ia para o Parque D. Pedro II – que, de imperador ilustrado, passou a ser uma espécie de feira fedida que vende absolutamente tudo aquilo que possa agregar pó e insalubridade a nossa existência, além de ponto do famigerado maior terminal de ônibus do país. Aliás, São Paulo também já foi um soldado romano que andava com seu vistoso espadão pela aí e hoje é a cidade pinto-pequeno: se orgulha de ter o maior tudo do país só para compensar.
É, senhores, temos prevaricado com o nome... meu cabeleireiro chama-se Michael e a bicha é hétera, além de não gostar de Thriller, a Rua da Alegria, no Brás, é cinza e xexelenta, a Estação da Luz é escura horrores desde que construíram um subsolo nela e assim vai.E, só por que este não podia faltar, eu trabalhei com uma moça em um buffet infantil chamada Elis Regina. A infeliz era fanha e mãe solteira!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cafonice

Devo confessar que tenho uma certa admiração pelo cafona. Eu até escrevo de um jeito cafona. E não só o brega estiloso-descolado-cool, mas também aquele cafonão ligeiramente embaraçoso, tipo miniaturas de gesso vagabundo compradas em lojinhas de 1,99.

Isso é só um pretexto para eu postar aqui a lista de tudo o que é cafona, kitsch e brega no mundo. Vale tudo: do concreto ao abstrato.

(A idéia não é minha e a lista conta com contribuições alheias. Sintam-se à vontade pra adicionar o que quiserem a ela)


1- Estrogonofe

2- Casamento da prima

3- Formatura

4- Cheiro de rosa

5- Futons

6- Intercâmbio na austrália

7- Miami

8- Pétalas de rosa

9- Loiro platinado

10- Baunilha

11- Legging

12- Natal

13- Homem careca no conversível importado

14- Fanta

15- Tatuagem de henna

16- Piercing no umbigo

17- Dourado

18- Calça corsário

19- Curtir fossa

20- Cacatuas de cristal

21- Sovacos

22- Tango

23- Serenata

24- Morumbi

25- Champanhe, lógico.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Feliz Ano da Batata

Homenagem à Sra. Batata, cuja permanência breve
não diminuiu o júbilo que nos trazia o seu sorriso.


Após um ano de negociações intensas por um mundo melhor, a ONU decidiu que 2008 será o Ano Internacional da Batata. Muito sério, com direito a hotsite (http://www.potato2008.org/). Ora, não me surpreende nem um pouco; afinal, se lá no oriente dedicam-se os anos a ratos e porcos, cá no ocidente os dedicamos aos simpáticos tubérculos. Além disso, a batata merece. Associada no imaginário coletivo a imagens de opressão, massificação e mediocridade (descascar batata no porão, ir plantar batatas, etc), ela é exatamente o oposto e se enquadra direitinho às nossas esperanças neste milênio - a batata é uma lição de democracia, simplicidade e criatividade: além de ser global, ela se desdobra em numerosas variedades, e pode ser preparada das mais variadas maneiras - frita, cozida, na salada, purê, na sopa, assada, em bolinhos, ao microondas, e por aí vai.

2004 foi o ano do arroz, 2008 será o da batata, e ainda há muitos vegetais virtuosos a quem poderíamos dedicar os anos vindouros; 2009, porém, não será de nenhum deles. Lançarei uma campanha para que 2009 seja o Ano Internacional do Ovo. O ovo, obra de arte do design divino, andou passando maus bocados nas mãos dos modismos alimentícios (ovo em excesso faz mal mesmo, lógico, o que não faz? Experimenta encher o cu de batata pra ver o q acontece). Mas ele deu a volta por cima e provou o seu valor; ganhou até um dia mundial em sua homenagem. Veja quantos nutrientes há em um ovo:

quantidade
por ovo

% que um ovo contribui para necessidade total
diária recomendada
90kcal energia
3,00
7,50g proteínas
13,90
6,66g gordura
6,70
0,20mg vitamina B2
11,00
2,04mg niacina
10,20
15ug ácido fólico
7,50
1,02ug vitamina B12
51,00
96ug vitamina A
9,60
1,05ug vitamina D
21,00
0,96ug vitamina E
8,00
12,12ug biotina
40,40
1,32mg ferro
13,20
12ug iodo
8,60
0,90mg zinco
6,00
118,20mg fósforo
14,80
9,60ug selenio
13,70

Fonte: Universidade Federal de Lavras



O ovo também respeita as diferenças (pode ser de avestruz, codorna, galinha - de granja ou caipira) e contribui para a pluralidade na culinária (ovos fritos, cozidos, pouchet, na salada, nos bolos e na omelete). Por isso, vamos fazer com que as nossas vozes cheguem até as acirradas assembléias da ONU. E, se justiça for feita, no próximo Reveillon comemoraremos o início de uma nova era com uma bela omelete de batatas.