segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Luís Vitão

Daí que as pessoas normais todas têm que comer, né. Aliás, até as anormais comem. E para poder comer, tem que comprar comida, que pode ser adquirida em suas mais diversas formas, estados e maneiras. Compra-se a comida no restaurante, no empório, no mercado, na quitanda... E, lógico, na feira. Considero a feira livre uma das grandes alegrias urbanas. Quer coisa mais gostosa que aquela galera gritando o preço da batata a plenos pulmões, as velhinhas mal humoradas se queixando da qualidade dos tomates, o colorido hortifruti, tudo pontuado pelo maravilhoso cheiro de chicória murcha semi-podre? Bem, quero crer que todo mundo conhece feira, então pouparei este texto de maiores e mais detalhadas explicações, já que em essência, são todas iguais.

Pois bem. Eu, pessoa normal que sou, também preciso comer. E para comer, compro comida. E compro comida na feira. Eis que dias atrás, fui às compras acompanhada de alguns amigos a fim de abastecer a despensa. Seria uma feira igual a todas as outras, não fosse por um detalhe de singeleza ímpar: era situada nos Jardins.

Até aí, que mal tem, né? A classe alta paulistana também enche a pança, e pra encher a pança tem que comprar comida, blá, blá, blá... Pois bem. Passeávamos então, em busca de nossos suprimentos e observávamos a fauna local entre uma bisbilhotada e outra nas hortaliças. Entre uns e outros, os transeuntes eram compostos de alguns tipos: pessoas mais ou menos como nós, mulheres e homens de meia idade, madames com cachorrinhos, madames acompanhadas de suas pacientes empregadas domésticas, velhinhas anunciando suas carteiras e óculos de grife... e pronto, o conceito-feira já havia sido completamente maculado, e é justamente esse o problema!

Não sei se acho que o paradoxo é divertido ou idiota. Sei que ao invés de ver crianças choronas comedoras de pastel e velhinhas pechinchadoras, assisti uma senhora bronzeada e botocada, dessas que desejam ter 18 aninhos pra sempre, ser humilhadinha ao ver seu Lulu barulhento chamado de quati feio (ou qualquer coisa que o valha) por um feirante divertido. Havia também duas velhinhas, uma mais velha e uma menos velha, andando de passinho difícil sob o sol escaldante, abrindo suas carteiras Louis Vuitton e ajeitando seus enormes óculos Chanel. Gentê. Chanel na feira? Me poupem vá. Quando muito, quero ver um vendedor de bugigangas anunciando suas bolsas made in Paraguai e berrando distintamente "Olha a bolsa Luís Vitão".

7 comentários:

Breno Soutto disse...

Huhauhuha


Não esqueça do frete, Mariana!!!
O frete!!!!!

Explico-me: tinha um monte de gente lá querendo descolar a graninha da feira do dia lá deles, afinal, banana dá em árvore sim, mas não é de graça não!

E eles anunciavam a si mesmos com plaquinhas de papelão escrito "frete". É outro mundo: mediante pequena taxa, você não precisa levar as compras para casa

Mariana Marchesi disse...

CENA 3 - FEIRA/ DIA/ 12H30

Barraca das cebolas. Jovens universitários escolhem a mercadoria ao lado de uma velhinha mal-humorada que repetia sem parar:

- Tá muito feia essa cebola. O senhor não vai me fazer um desconto?? (cara de cocô)

Oitavo ataque histérico do cãozinho atado à barraca das batatas. O feirante das cebolas rebate:

- Mas isso num é um cachorro, é um quati!

Os jovens deliram por dentro. O feirante faz para a velha um desconto, mesmo após ela ter desdenhado suas cebolas.

Lívia disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAAAHA!!!
quati!!! HAAHAHAHAHAAHAHA!!!

Lívia disse...

hahahahahahahahahahahahahaha!!!
desculpa, gente, é que não consigo parar de rir do quati...

Kim disse...

hahahahah Bom mesmo deve ser os sabores do pastel:

-Pastel de Risoto de Shitake

-Tomates Secos com queijo brie.

Mariana Marchesi disse...

Eca! Pastel de risotto!

Anônimo disse...

Sensacional, adorei, conheço bem essa feira, já comi muitos pastéis com garapa.
Quero te apresentar um original Luis Vitão criado por mim: http://www.flickr.com/photos/graffitivivo/2323331345/

Abçs