sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Dramalhão Corporativo






Meu papel, na verdade, é escrever sobre os ovos e champagnes da alta sociedade de Caras e People. Contudo o mundo corporativo domina minha vida; eis que tal fato ocorreu com minha pessoa:


Feliz e serelepe, com viagem marcada para trabalhar no Rio de Janeiro, recebo um lascivo motoboy que carregava em fortes braços duas caixas do Empório Santa Maria. Minha mente reacionária-estagiária superou meu ID; tirei os olhos dos braços e analisei cuidadosamente as caixas: duas. Na agência há duas diretoras. Na agência, agora, só havia duas caixas do Empório.


Ok. Superei os braços e as caixas e continuei a ler e-mails, fofocar com o departamento financeiro e blá blá blá whiskas sachês. Deus é sábio e fez com que eu trabalhe com uma secretária curiosa e pró-ativa, que discretamente levou uma das caixas para a recepção na hora do almoço.


(Sim, a alta direção estava em algum spa durante a ação do baixo clero)


Ingênuo e puro, segui com olhos de gatuno o movimento da secretária. Contados 5 minutos no relógio corporativo, inventei um fax e me encaminhei à recepção. Lá estava a caixa cuidadosamente aberta: na mesa, um champagne e uma infinidade de patês e bizarrices de fígados de ouros e de patos.


A secretária fez a pheena. Minha presença nem foi considerada; assim que terminei o fax a caixa do Empório já estava embalada e com laços , como se não tivesse sido revistada.


Durante todo esse momento de tensão,investigação, sensualidade, curiosidade e inveja chega a hora do almoço:


Muitos sabem, sou adepto da marmita. Economizo em comida para gastar em bebida, afinal quero seguir a tradição dos homens do meu bairro e morrer no buteco de esquina. Mamãe não sabia, mas de manhã, ao preparar a marmita do filhinho com tanto amor e carinho, também preparava uma lição moral. Um RP diria que seria uma ação de posicionamento: coloque-se no seu lugar e ame o que você tem (Estudou amor fati pra quê, porra?!).


Eu abri a marmita e lá vi ele, tão longe, mais tão perto da champagne:


Ovo frito, arroz e feijão.


3 comentários:

Kim disse...

Esse MAIS querendo fazer a conjunção de negação foi tão ovo frito que nem vou retificar.

Mariana Siqueira disse...

Derramei lágrimas de clara em neve, amiguinho.

Luis Gustavo disse...

Já conversamos sobre marmita e você sabe minha posição e/ou opinião. Não me desaponte com um ovo na marmita...